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domingo, 10 de junho de 2018

Qual é o projeto de poder político da 'Bancada da Bíblia'?

Livro-reportagem "Em Nome de Quem?", de Andrea Dip, discute avanço do pentecostalismo e o alcance das igrejas nas periferias e nos movimentos sociais
por Cida de Oliveira, da RBA

São Paulo – A Bíblia narra Jesus Cristo como uma liderança que nasceu e viveu na periferia, pregou o amor incondicional e o perdão, denunciou a concentração de renda, valorizou os pobres, andou com os marginalizados, frequentou festas e desafiou poderes, inclusive dos falsos profetas. Por isso foi preso, torturado e assassinado pelo estado que deveria protegê-lo mas que preferiu lavar suas mãos. Se vivesse nos dias de hoje, Jesus Cristo muito provavelmente seria tachado de petralha, comunista e bolivariano. E se fosse um político, na certa não poderia contar com os votos dos deputados da chamada bancada evangélica do Congresso Nacional.
No Brasil pré-impeachment, eles consolidaram o avanço no legislativo depois de anos ganhando espaço na política em nome de Deus, da família e da moral. E sacramentaram o poder com a eleição do deputado federal evangélico Eduardo Cunha (MDB-RJ) para a presidência da Câmara. 
A partir de então, esses políticos eleitos pelo voto de fieis, seguidores de doutrinas evangélicas, se aliaram à direita em defesa de projetos nada coerentes com o amor divino. Em nome de Deus, votaram pelo impeachment da presidenta eleita mesmo sem crime de responsabilidade e reforçaram apoio a propostas que vão do aumento da pena a mulheres que praticam aborto até a redução da maioridade penal, só para ficar nesses exemplos. Uma perseguição aos pobres, pretos e periféricos de comunidades esquecidas pelo poder público onde se multiplicam as igrejas evangélicas, especialmente as neo-pentecostais.

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