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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Juiz multa PT e CUT por vigília Lula Livre e autoriza força policial


Foto: Eduardo Matysiak/Agência PT
 
Jornal GGN - O PT e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) foram multados em R$ 5,5 milhões por manter a vigília em frente à sede da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, aonde está preso o ex-presidente Lula. Também foi autorizado o uso de força policial para a retirada do acampamento.
 
A quantia é a soma da multa diária de R$ 500 mil imposta pelo juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública do Paraná, Jailton Tontini, no dia 19 de abril, quando determinou o desmonte da ocupação Lula Livre, em frente ao local aonde o ex-presidente está preso. 
 
Segundo os cálculos do juiz, a somatória é de R$ 5,5 milhões que serão cobrados do partido e da CUT. Na decisão, o magistrado afirma que o grupo não cumpriu a liminar: 
 
"A decisão liminar proferida por este Juízo não está sendo cumprida pela CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES - CUT e pelo PARTIDO DOS TRABALHADORES - PT, mesmo cientes do inteiro teor da liminar, das consequências do descumprimento e da decisão de sequência n.º 85", escreveu na decisão.
 
Ainda, o juiz autoriza o uso de força policial para a retirada dos manifestantes: 
 
"Que se oficie à Exma. Governadora do Estado do Paraná, Sra. Maria Aparecida Borghetti, ao Exmo. Secretário de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Sr. Julio Cezar dos Reis, e à Exma. Sra. Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha, solicitando o auxílio de força policial para o imediato cumprimento da ordem liminar proferida pelo Poder Judiciário do Estado do Paraná, conforme, aliás, mencionado na própria decisão."
 
Em resposta, a CUT do Paraná disse que o juiz mudou a postura inicial e que havia um acordo para a realização de alguns atos no local e manter quatro barracadas. Com a modificação das autoridades, a entidade afirmou que irá manter as abrracas e recorrer em segunda instância.
 
"No acordo, também, poderíamos usar o som. Aí, numa outra ata que houve, foi retirado o som para que conseguisse dialogar e fazer só o bom dia e o boa noite. Fazer com que tivesse menos barulho. De agora em diante, está aí. A gente vai recorrer e vai ficar aqui. Vamos recorrer à segunda instância e manter as barracas que estiverem aqui", disse a CUT/PR em coletiva.
 
"As tendas ficarão aqui. A vigília será mantida. Vamos negociar e vamos debater judicialmente para que o acordo seja cumprido. Como estamos aqui há mais de 50 dias com muita paciência e tolerância, por não aceitar provocação, ficaremos aqui enquanto não for libertado o Lula", completou o PT.
 
 
Leia, abaixo, a decisão:
 
https://jornalggn.com.br/noticia/juiz-multa-pt-e-cut-por-vigilia-lula-livre-e-autoriza-forca-policial

Um no cravo e outro na ferradura
A Máfia dos Bacharéis e sua juristocracia não pode permitir que o PT comemore suas vitórias, por menores que sejam
Bastou que o TSE não antecipasse o bloqueio a candidatura Lula para que, nessa esperada sincorinicidade, esse juiz de merda viesse com essa.....merda....e haja merda na cara do povo
A Senzala tem que fazer neste pais uma coisa que nunca fez: rebelar-se...
Na base da conciliação de classe, como a  tentada por Lula, não tem jeito
Sobre a Máfia dos Bacharéis, leia o otimo e atualíssimo artigo Os outros nomes da UDN, de Mauro Santayana


Os outros nomes da UDN, de Mauro Santayana

BRASÍLIA - Sexta-feira (21), em Diamantina, o governador Aécio Neves fez o elogio de Juscelino, ao transferir para aquela cidade as solenidades comemorativas de 21 de abril. Para que ficasse bem nítida a intenção, Aécio convidou a filha de Juscelino, Maristela Kubitschek Lopes, para ser a Oradora Oficial da cerimônia. Esse elogio a Juscelino seria impensável, durante os últimos anos de sua vida. Oficialmente, Juscelino era um ¿morto civil¿. Durante o seu governo, no qual rompera os cânones do imobilismo, o presidente fora acusado de corrupção e de ofender a família brasileira com seus amores, reais ou fictícios. O político mineiro, ao candidatar-se para suceder Vargas, e eleger-se em 3 de outubro de 1955 e a empossar¿se em 31 de janeiro do ano seguinte ¿ herdara todo o ódio que a União Democrática Nacional endereçara a Vargas. O partido constituía o velho resíduo do bacharelismo nacional, de origem oligárquica, que perdera sua posição hegemônica na sociedade, a partir da Revolução de 30.


A política deixara de ser assunto restrito (ou quase restrito) aos advogados. Novas forças surgiam, em conseqüência da ação modernizadora de Vargas, e a UDN não podia admiti-las. O último grande ato de poder dos udenistas fora a Constituição de 1946, na qual, a pretexto de salvaguardar a ordem jurídica, os advogados exageraram em suas idéias ¿soi-disant¿ liberais, mas mantiveram para a classe dominante as posições angulares do poder. E como não podiam deixar de fazer, inscreveram na Lei Fundamental seus próprios privilégios corporativos.

O médico Juscelino, que fora telegrafista e oficial da Força Pública de Minas, provinha da ¿low middle class¿, filho de uma professora e de um caixeiro-viajante morto aos 33 anos. Não pertencia, pela atividade, nem pela formação, ao setor da sociedade tradicionalmente ligado à velha aristocracia remanescente do Império. No governo, fora o preenchimento de cargos que exigiam conhecimento jurídico, Juscelino buscou realizadores, preferindo a presença de engenheiros e pragmáticos. Isso exacerbou o ódio da UDN. Seus líderes eram quase todos bacharéis ¿ com a notória exceção do jornalista Carlos Lacerda. O temor de perder seu poder na sociedade nacional se expressava no ódio contra a coligação PSD-PTB, aliança das classes médias urbanas com os trabalhadores e os empresários nacionalistas ¿ a chamada burguesia nacional. Tratava-se de um movimento de forças modernizadoras. O bacharelismo delirante desses líderes mereceu de Afonso Arinos filho, então jovem diplomata - que rompera com Lacerda - a ferina observação de que ¿a UDN pensa que o povo come hábeas corpus¿. A UDN, que não podia confessar que combatia Juscelino por estar rompendo o poder das oligarquias, acusava, pela imprensa, o presidente de ser o ¿Pé de Valsa¿, o corrupto e corruptor, o irresponsável construtor de Brasília, o esbanjador dos recursos públicos.

Quando, enfim, os bacharéis mais reacionários ocuparam o poder com os militares, coube-lhes encontrar as fórmulas jurídicas para defender o estupro do Estado de Direito. Totalitários por sua natureza, Carlos Medeiros da Silva e Francisco Campos, antigo fundador da corporação fascista ¿Legião de Outubro¿, e redator solitário da Constituição de 1937, redigiram o Ato Institucional, em que se valiam do argumento absoluto da força. Em sua visão do Direito, a Revolução (na verdade apenas um golpe militar clássico) se legitimava por si mesma, ou seja, pela sua vitória sem combate. Outros juristas, como Gama e Silva e Alfredo Buzaid dariam seu aval à Ditadura. Esses fatos servem para realçar a corajosa resistência democrática de tantos outros grandes advogados, alguns até mesmo de origem oligárquica, como Victor Nunes Leal e Evandro Lins e Silva, perseguidos sistematicamente pelo Poder. A partir de certo momento, os advogados, em sua maioria, decidiram partir para a resistência. A bomba contra a OAB atesta essa bravura.

O ¿corrupto¿ Juscelino sofreu todas as perseguições conhecidas. Foi humilhado por um interrogatório movido por oficiais inferiores. Reproduzia-se, de alguma forma, o que pretenderam os golpistas contra Getúlio, ao instaurar Inquérito Policial Militar em uma dependência da Força Aérea: a fim de o interrogar, julgar e condenar o Presidente - também sob o pretexto da corrupção ¿ com o aplauso da UDN dos bacharéis. Getúlio os venceu, ao denunciá-los em sua Carta Testamento e na corajosa decisão de deixar a vida. E tanto os venceu que seu sucessor, Juscelino, retomou seu Projeto Nacional.

Hoje, o cerco é contra o presidente Lula. A imprensa, de modo geral, se soma aos bacharéis da velha UDN, que trocou de nome, mas não de alma. O desvario da chamada ¿opinião publicada¿ chega aos limites da insânia: o Procurador Geral da República entrou no clima geral. Na realidade ¿ e se trata também de um crime, que deve ser combatido ¿ houve o uso de recursos do chamado Caixa Dois. Esse é um velho mal do sistema político brasileiro e de outros sistemas (o caso norte-americano é exemplar). Se formos andar para trás, chegaremos a Mauá e ao financiamento que sempre fez aos candidatos da Monarquia, da qual ¿ não obstante seus conhecidos méritos ¿ foi sócio privilegiado.

A oposição tem várias faces, e uma muito nítida, a de Tartufo. Se seus líderes, que dominam a maioria do Parlamento, estivessem interessados em moralizar o processo eleitoral, teriam proibido taxativamente o uso de caixa-dois e das doações clandestinas às campanhas e teria imposto um teto às doações registradas. Como no velho exemplo de Lampedusa, mudou-se tudo, para tudo continuar no mesmo. E para confirmar essa postura, o Senador Artur Virgílio reconhece ( uma vez que os tucanos foram apanhados com o bico na gamela) que o uso do caixa-dois é corriqueiro nas campanhas eleitorais.

Mais uma vez ¿ e vale voltar à Carta-Testamento de Vargas -, os golpistas se reúnem. Eles só admitem crescimento econômico para o próprio desfrute. Quando um governo começa a distribuir renda, como no sistema escandinavo, a fim de sustentar um tímido ¿welfare state¿, como faz Lula com o Bolsa-Família, contra ele se reúnem bacharéis e banqueiros, políticos, jornalistas e inocentes úteis.

A diferença é que, desta vez, não podem contar com os quartéis. Os militares se encontram vacinados contra a interferência no processo político, e se preocupam muito mais com a defesa da soberania nacional sobre o território brasileiro. Dessa forma, podem esquecer o apelo ao golpe, seja parlamentar, com o pretendido impeachment, seja por outros meios, como a infiltração de agentes provocadores nos movimentos populares, como já está ocorrendo.

O DESABAMENTO

O Sr. Geraldo Alckmin está sem sorte. Como se não bastassem os seus recentes percalços, sabe-se agora que a Nossa Caixa acolhera, em sua direção, ¿consultores¿ acusados de cometer atos ilícitos na administração financeira federal, durante o governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso. A explicação da direção do banco estadual é mais grave do que a denúncia: tais consultores eram ¿informais¿, e nada recebiam da Caixa. De duas, duas: recebiam seu dinheiro de terceiros e usurpavam função pública, desde que a Caixa é uma autarquia do governo de São Paulo.